top of page

Abraço, a marca para 2021

Como primeira publicação do ano queria escrever-nos algo que deixasse marca, como um mote para o que amo viver e desejo voltar a ver e fazer acontecer: a marca poderosa do ABRAÇO. Escolhi este texto marcadamente verdadeiro da essência do ser humano, um texto do Cardeal José Tolentino Mendonça. Aos meus alunos que tantas vezes me perguntam: "Professora, quando é que podemos voltar a dar muitos abraços e beijinhos?" e a ti e a mim que tantas vezes desejamos abraçar sem medida... Um 2021 onde os afetos possam voltar a ser partilhados sem receios e com a confiança de que o amor tem o poder de curar, sempre!


“Diz-se que o nosso corpo tem a forma de um abraço. Talvez por isso a tarefa de abraçar seja tão simples, mesmo quando temos de percorrer um longo caminho. O abraço tem uma incrível força expressiva. Comunica a disponibilidade de entrar em relação com os outros, superando o dualismo, fazendo cair armaduras e motivos, cedendo, nem que seja por instantes, na defesa do espaço individual. Há uma tipologia vastíssima de abraços e cada uma delas ensina alguma coisa sobre aquilo que um abraço pode ser: acolhimento e despedida, congratulação e luto, reconciliação e embalo, afeto ou paixão. Os abraços são a arquitetura íntima da vida, o seu desenho invisível, mas absolutamente presente; são plenitude consentida ao desejo e memória que revitaliza. Todos nos reconhecemos ai: em abraços quotidianos e extraordinários, abraços dramáticos ou transparentes, abraços alagados de lágrimas ou em puro júbilo, abraços de próximos ou de distantes, abraços fraternos ou enamorados, abraços repetidos ou, porventura, naquele único e idealizado abraço que nunca chegou a acontecer, mas a que voltamos interiormente vezes sem conta. No princípio era o abraço, se pensarmos no colo que nos nutriu na primeira infância. Essa foi, para a maioria de nós, a primeira e reconfortante forma de comunicação. Mas a necessidade de um abraço acompanha a nossa existência até ao fim. O abraço é uma longa conversa que acontece sem palavras. Tudo o que tem de ser dito soletra-se no silêncio, e ocorre isto que é tão precioso e afinal tão raro: sem defesas, um coração coloca-se à escuta de outro coração.”

18 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo
bottom of page