Eu e o meu adolescente
EU E O MEU ADOLESCENTE
Como defines a adolescência?
Para alguns escritores a adolescência pode ser definida como um conjunto de padrões de comportamento e o grande desafio é aprendermos a aceitar que esse "padrão de comportamento" é inevitável. Porém somos muito mais do que os nossos comportamentos. Na verdade os nossos comportamentos são resultado dos nossos pensamentos e necessidades e consequentemente das nossas ações que se tornam em experiências e hábitos que repetimos.
Muitas vezes o resultado da parentalidade passa pela nossa própria necessidade de querer corrigir os nossos filhos, assim como queremos corrigir muitas outras coisas na nossa vida. Trata-se de querer garantir que o que achamos certo é feito.
O que te parece?
Como ages com o teu adolescente?
Convido-te a, em coragem, refletir comigo.
Lembra-te: a vulnerabilidade gera poder.
Agarra no teu diário (se ainda não o tens compra um) ou numa folha e escreve.
Escolhe agora aceitar a tua própria vulnerabilidade e aprender com ela. Estamos juntos nesta escolha.
Nas próximas linhas vamos refletir e quem sabe ganhar a coragem de mudar algo na nossa parentalidade.
Vamos cocriar a história da nossa parentalidade de forma intencional e transformadora!
Vem comigo até à manifestação de um comportamento do teu adolescente.
Lembra-te agora daquele comportamento que particularmente te “tira do sério".
Qual é?
Em que momentos esse comportamento se manifesta?
E o teu, por consequência?
Como te sentes nesse momento?
O que ouves nesse momento?
O que vês nesse momento?
Achas possível que o que te faz (re)agir é a tua própria necessidade de parar e resolver a situação no imediato, ou seja o mais rápido possível?
Se sim, que necessidade é essa?
Convido-te agora a olhar/ sentir e ouvir o teu adolescente. Apenas ele.
Como te parece que ele se sente nesse momento?
O que o ouves dizer?
O que o vês fazer?
Achas possível que ele se comporte dessa maneira para conseguir suprir uma necessidade sua?
Parece-te possível que ele tenha esse comportamento, porque ainda não sabe como fazer de forma diferente?
Parece-te possível que ele ainda não saiba reconhecer e compreender as suas próprias emoções e necessidades?
Acreditas que exista outra forma de agir?
Acreditas que podes ajudar o teu adolescente a fazer esse caminho?
Acreditas que esta mudança pode começar a partir de ti?
Eu acredito no poder do acolhimento. Também acredito que temos nas nossas mãos o poder de escolher olhar para os comportamentos dos nossos adolescentes como a manifestação de uma necessidade por suprir. E ainda acredito que a mudança acontece sempre de dentro para fora, logo que posso começar esta mudança em mim e a partir de mim.
Eu sei que é desafiante. Acredito também que já tenhas tentado fazer algo diferente e que por vezes é mesmo menos fácil, mas também sei que a parentalidade é a viagem mais significativa da nossa vida e que por isso vale a pena (re)começar todas as vezes que forem necessárias.
Estás disposto?!
GRANDE APRENDIZAGEM: a correção baseada na crítica ou na força física leva ao desamor e ao afastamento. Até pode resolver no momento, porém a que custo. Não é geradora de mudança ou pelo menos a mudança que queremos, a que os tornará capazes de agir assertivamente quando estiverem sozinhos e para a vida. A mudança que nos aproxima e nos liga em amor.
Parece-me um grande princípio, este de ajudar os nossos filhos a APRENDER A APRENDER o impacto das suas e nossas ações e as respetivas consequências inevitáveis, sejam elas positivas ou não, na nossa vida e na vida de quem nos rodeia através de valores como a aceitação, o compromisso, sem julgamento, sem sugestão e a escutar, comunicar e a agir em amor.
Sabes como é que esta aprendizagem se torna mais significativa?
Quando o teu adolescente te vir a escolher ser quem queres que ele se torne.
Desafio: cria a realidade que queres ver acontecer.
Se queres que ele te ame, ama-o e ama.
Se queres que ele seja calmo, fala-lhe e age com calma.
Se queres que ele seja respeitoso, respeita-o e respeita.
Se queres que ele te escute, escuta-o. Pára o que estás a fazer. Olha para o seu rosto. Aproxima-te. Toca-o. Escuta até ao fim antes de intervires. E mais, se não souberes o que dizer silencia. E ainda que saibas aprende: se o envolveres ele sente-se parte e ganha compromisso. Sente-se compreendido e acolhido.
Diz-lhe por exemplo:
- Filho, vamos encontrar a solução juntos? O que podemos fazer que seja respeitoso para os dois?
Se escolhermos olhar para a nossa parentalidade como a oportunidade ou o privilégio de PODER AJUDAR o nosso adolescente, ajudar a escolher agir assertivamente, ajudar a compreender: O QUÊ, PARA QUÊ E COMO, todos ganhamos.
E MAIS, estaremos a dar-nos a oportunidade para nos esticarmos e aprendermos mais acerca de nós próprios, como exemplo, e para a nossa própria mudança.
Olha que poderosos pode ser!
FRASES COMO: "não fala comigo", "só me responde com monossílabos", "está sempre zangado", "é impossível entendê-lo" ... "Será que esta adolescência terminará algum dia?" estão alicerçadas em palavras e numa perspectiva de escassez.
Deixa-as de lado! Escolhe poderosamente retirá-las de ti!
É possível escolher olhar os nossos filhos pela perspectiva da abundância e com palavras poderosas positivas. TU E ELE MERECEM MUITO MAIS!
Desafio à nossa parentalidade: Estaremos nós a procurar compreender verdadeiramente? Estaremos nós a revisitar a nossa própria adolescência? Estaremos nós a ajudar a compreender com clareza e amor os limites necessários? Estaremos nós dispostos a mudar?
Lembras-te no que pensavas quando eras adolescente? Lembras-te da forma como achavas que os teus pais queriam tudo à sua maneira? Lembras-te da importância daquele amigo ou amiga? Lembras-te da moda e estilo que usavas como identificação? Lembras-te da ansiedade com as notas ou do professor que tinha a mania e não te compreendia? Lembras-te da paixão arrebatadora, da tristeza profunda ou da alegria eufórica? Lembras-te da mudança repentina da extroversão para a necessidade de isolamento? (...)
TAMBÉM TU E EU JÁ FOMOS ADOLESCENTES.
SERÍAMOS NÓS ASSIM TÃO DIFERENTES?!
Lembra-te: se não temos presente a nossa própria adolescência corremos o risco de ao querer ajudar os nossos filhos a aprender estar a provocar experiências que nos movem a posições de distanciamento. Olhar para os nossos filhos sem a empatia necessária fará com que os vejamos como um "caso único" e nos esforcemos para corrigi-los, sem antes os compreendermos. É nesta tentativa de correção imediata que chegamos a confrontos "inúteis" e contínuos.
Compreender não significa concordar, antes procurar ver segundo a sua perspectiva e mais ENCONTRAR SOLUÇÕES JUNTOS.
Desenvolver a empatia move-nos a construir pontes de comunicação e relacionamento em vez de paredes de afastamento e silêncios.
Guarda esta metáfora como humor para os momentos desafiantes: Educar um adolescente é como segurar um sabonete no banho.
E ser pai/mãe, que metáfora seremos nós?!
Através do coaching existem formas de ajudar e que garantem esta compreensão e comunicação. Se queres saber como envia mensagem.
Regista nos comentários o que aprendeste e o que escolheste fazer diferente.
Estamos juntos!
